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O que é pobreza menstrual?


Foto do quadril de uma pessoa usando folhas de jornal como absorvente.
Foto: Maria Ribeiro - P&G/Divulgação


A pobreza menstrual é um problema social, econômico, infraestrutural e educacional que afeta as camadas mais vulneráveis da nossa sociedade. Resumidamente, ela conceitualiza a higiene menstrual precária que uma grande parcela da população possui.

Neste texto, o Fluxo Sem Tabu explica o que envolve a pobreza menstrual, o que causa este problema e quais são suas consequências, além de incentivar a discussão de dignidade menstrual como direito humano e como podemos ajudar no combate à pobreza menstrual.


O que é pobreza menstrual?


A pobreza menstrual corresponde à falta de condições para possuir uma higiene menstrual de forma adequada. Essas condições, ideais para uma higiene mínima, são acesso a itens básicos como absorventes, a infraestrutura e serviços de saneamento básico e a falta de informação e conhecimento sobre o tema menstruação.


Essas condições precárias atingem pessoas em situação de pobreza e vulnerabilidade como moradores de rua e pessoas em privação de liberdade. Além de prejudicar a higiene menstrual dessas pessoas, a pobreza menstrual afeta diretamente a saúde mental e física. A seriedade do problema levou a ONU (Organização das Nações Unidas) a descrever, em 2014, a pobreza menstrual como um problema de saúde pública e de direitos humanos.


O Fundo das Nações Unidas para a Infância, ou Unicef (sigla em inglês), no relatório intitulado A Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violação de Direitos, lançado no ano de 2021, define a pobreza menstrual como um “fenômeno complexo, multidisciplinar e transdimensional”, uma vez que envolve as esferas social, econômica, infraestrutural e educacional.


Nesse texto iremos explorar cada um desses pontos e explicar como eles afetam a saúde íntima de pessoas que menstruam.


Quais são as causas da pobreza menstrual no Brasil?


A condição de pobreza menstrual está relacionada a diversas causas. Uma das principais é a desigualdade social traduzida na pobreza menstrual. Esta pobreza resulta em escassez de recursos financeiros suficientes para a aquisição de itens de higiene íntima e menstrual, como absorventes descartáveis ou reutilizáveis, coletores e calcinhas absorventes.


Atualmente calcula-se que uma pessoa que menstrua gasta uma média de R$ 12 ao mês com absorventes descartáveis, considerando o valor de R$ 0,60 por unidade, o que leva a um custo anual de R$ 144 e quase R$ 6 mil durante toda a idade fértil da mulher. Hoje, no Brasil, ao menos 13% da população vive com menos de R$ 246 por mês, o que configura uma situação de pobreza extrema em que é impossível adquirir esses produtos de higiene.


Tendo isso em mente, é extremamente comum que muitas pessoas que menstruam busquem alternativas de mais fácil acesso, porém longe de ser a opção mais segura à saúde. Essas alternativas vão de jornal, pano, papel higiênico a miolo de pão, este último comum em presídios.


Outra causa significativa para a pobreza menstrual é a desinformação sobre o tema menstrual e corpo da pessoa que menstrua. O entendimento do próprio corpo, do funcionamento do ciclo menstrual e outras necessidades deste corpo são essenciais para o manejo da menstruação, dando assim mais autonomia para a pessoa que menstrua e, consequentemente, uma melhora da saúde. Porém, além da própria pessoa que menstrua não ter acesso a essa informação, a sociedade trata o assunto como tabu e propaga desinformação a fim de amenizar o discurso.


Uma das causas de maior impacto na geração atual e no agravamento da pobreza menstrual é a falta de acesso à água potável, serviços de saneamento e banheiros em suas habitações. O cuidado de toda a higiene íntima se agrava diante desses problemas, porém a saúde menstrual é a mais afetada por isso por necessitar de um cuidado maior.


De acordo com o estudo da Unicef apresentado anteriormente, mais de 4 milhões de estudantes frequentam colégios com estrutura precária de higiene, como banheiros sem condições de uso, sem pias ou lavatórios, papel higiênico e sabão. Desse total, quase 200 mil não contam com nenhum item de higiene básica no ambiente escolar. Isso se traduz em 3% das escolas do país não terem banheiro.


A situação em casa não é diferente. 713 mil meninas não têm acesso a nenhum banheiro (com chuveiro e sanitário) em suas casas. E outras 632 mil meninas vivem sem sequer um banheiro de uso comum no terreno ou propriedade.


Quais são os impactos da pobreza menstrual na sociedade brasileira?


Com as causas da pobreza menstrual mais claras, é preciso enxergar o quanto isso impacta a sociedade brasileira. Atualmente, no Brasil, a pobreza menstrual afeta 28% das pessoas de baixa renda na faixa etária entre os 14 e os 45 anos, o equivalente a uma população de 11,3 milhões de habitantes. Uma parcela de 40% dessas mulheres se encontra na faixa etária entre os 14 e os 24 anos. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Johnson & Johnson Consumer Health em conjunto com os institutos Kyra e Mosaiclab, divulgados em reportagem do UOL Saúde.


Todas essas causas e impactos necessitam de maior exploração para o melhor entendimento delas e suas consequências. Elas serão abordadas em futuras matérias aqui no Fluxo Sem Tabu.


O que é dignidade menstrual?


Dignidade menstrual é o direito de todas as pessoas que menstruam terem acesso a produtos e condições de higiene adequados.


A violação desse direito, causada pelos pontos levantados acima, é vista em pessoas em situação de vulnerabilidade e sem recursos como pessoas de baixa renda, que acabam manejando sua menstruação com itens diversos.


A falta de acesso a itens básico de saúde e higiene é uma violação dos direitos humanos, que presa pela dignidade humana de viver uma vida plena.


Mas já não existem leis que garantam o acesso à absorventes?


Sim, existem, porém ainda não estão em vigor.


O governo federal aprovou uma lei que instituiu o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, para assegurar a oferta gratuita de absorventes higiênicos femininos e outros cuidados básicos de saúde menstrual. Isso aconteceu em março de 2022 e até o momento (fevereiro de 2023), nada foi feito.


Seis meses após a promulgação da lei, o governo não tem previsão de pôr em prática a distribuição gratuita de absorventes higiênicos a mulheres vulneráveis e de baixa renda.


O programa tem como beneficiárias estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino, mulheres em situação de rua ou em situação de vulnerabilidade social extrema, mulheres apreendidas e presidiárias, recolhidas em unidades do sistema penal, e mulheres internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa.


De acordo com a CNN, o Ministério da Saúde alega que o programa ainda não está totalmente pronto.


Governos estaduais estão aos poucos criando formas criativas de ampliar o acesso à absorventes de pessoas em situação de vulnerabilidade, porém as ações são pequenas em comparação ao público que precisa ser atingido.


Por isso o trabalho de organizações como o Fluxo Sem Tabu é essencial. Cada doação, cada instituição, cada pequeno passo na luta contra a pobreza menstrual é importante e transforma vidas. Enquanto essas pessoas em situação de vulnerabilidade não tiverem a proteção completa do governo, cada ação faz diferença.


O que você pode fazer para combater a pobreza menstrual?


A luta pela dignidade menstrual pode ser abordada de diversas formas. No Fluxo Sem Tabu fazemos de duas formas:


1) Distribuição de absorventes e kits de higiene íntima para a população de rua, instituições e comunidades do Brasil.


2) Conscientização através de conteúdos no site e redes sociais, rodas de conversas, materiais educativos e palestras em busca da democratização do acesso ao conhecimento sobre menstruação, corpo e higiene.


Doamos itens de higiene menstrual a pessoas em situação de vulnerabilidade todo mês, além de gerar ações com frequência para incentivar doações. Veja aqui algumas das nossas ações feitas no passado.

Para doar no Fluxo Sem Tabu é fácil. Para doar basta você clicar aqui, selecionar o valor e a forma de pagamento que deseja e optar por ser um doador pontual ou recorrente. É super simples e seguro! Sua doação faz com que a gente transforme vidas por todo o Brasil.



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